Em um cenário econômico desafiador, as fintechs brasileiras emergem como protagonistas de uma transformação no mercado de crédito.
O ano de 2023 consolidou o potencial das empresas de tecnologia financeira no país, com um salto de 52% no volume de crédito concedido. Os números revelam um panorama promissor: foram liberados R$ 21,1 bilhões em novas operações, atendendo 46,7 milhões de clientes pessoa física no Brasil e cerca de 7 milhões no exterior.
Mesmo em um ambiente marcado por juros elevados e volatilidade econômica, as fintechs mantiveram resiliência, reforçando a importância da inovação como motor de crescimento. O aumento na estrutura dessas empresas também foi expressivo: muitas contaram com mais de 150 funcionários, um avanço de quatro pontos percentuais em relação ao ano anterior.
O foco das fintechs está na criação de modelos mais descentralizados e inovadores, capazes de conectar diretamente consumidores a provedores de crédito sem intermediários tradicionais. O case da PixCard ilustra bem essa tendência: a startup estima girar R$ 180 milhões em 2025, um crescimento de 178%, e já atrai interesse de bancos convencionais que buscam diversificar sua base de clientes.
Outro movimento forte é o de embedded finance, ou finanças incorporadas, em que empresas de varejo, serviços e indústria passam a oferecer crédito diretamente aos seus consumidores. Esse modelo acelera a desconcentração do setor e amplia as possibilidades de customização de ofertas, garantindo maior conveniência e agilidade.
Enquanto no Brasil 80% do crédito ainda está concentrado nos bancos, no mercado americano apenas 20% permanece sob o controle das instituições tradicionais, com o restante migrando para o mercado de capitais. Essa diferença de estrutura sinaliza o caminho que o país deve seguir para se tornar mais competitivo e diversificado.
Especialistas apontam que o recente crescimento das fintechs não se deu apenas por estratégias de marketing agressivas, mas principalmente pela expansão sustentável de operações e consolidação de carteiras de clientes. Essa abordagem reflete a maturidade do ecossistema e a busca por resultados de longo prazo.
As startups financeiras estão ampliando sua participação em setores como crédito imobiliário, atendendo pequenas e médias incorporadoras com soluções digitais apoiadas em inteligência de dados. Diante da escassez de recursos vindos da poupança tradicional, essas soluções oferecem agilidade e segurança para investidores e construtores.
Além disso, empresas do varejo e da indústria começam a integrar serviços financeiros em seus canais, aproveitando insights de comportamento do consumidor para ofertar crédito sob medida. Essa customização gera melhor experiência e fidelização de clientes, fortalecendo o relacionamento entre marca e público.
As fintechs já investem pesado em tecnologia, especialmente na adoção de inteligência artificial generativa para análise de crédito, detecção de fraudes e atendimento ao cliente. A expectativa é que esses sistemas sejam cada vez mais refinados, reduzindo custos e aumentando a precisão das decisões.
Apesar do avanço, as startups enfrentam barreiras regulatórias e a necessidade de rápida adaptação às mudanças nas regras do setor financeiro. Para garantir sustentabilidade, muitas optam por parcerias estratégicas com bancos tradicionais, aproveitando a infraestrutura existente e expertise em compliance.
É fundamental que as empresas equilibrem a busca por crescimento com a construção de uma base sólida de clientes, evitando expansão desordenada. A elaboração de políticas de governança e gestão de riscos é um passo indispensável para garantir a confiança de investidores e consumidores.
O setor de crédito brasileiro caminha para se tornar mais diversificado, competitivo e inovador, com as fintechs desempenhando papel central. Modelos flexíveis, funções agregadas como seguros e serviços adicionais, e ampla adoção de tecnologia devem continuar impulsionando o crescimento.
Para empreendedores e gestores que desejam entrar nesse ecossistema, é essencial:
Com essas práticas, startups e empresas tradicionais podem colaborar para consolidar um ambiente de crédito mais acessível e eficiente, beneficiando consumidores de todas as classes sociais e impulsionando o desenvolvimento econômico do país.
Em suma, o avanço das fintechs brasileiras é um exemplo de como visão inovadora e adaptação estratégica podem transformar setores maduros, gerando valor e oportunidades para toda a sociedade.
Referências