O Brasil vive um momento de transformações profundas em sua economia externa. Após períodos de oscilações, as exportações de commodities voltam a chamar atenção pela capacidade de impulsionar o saldo comercial e gerar impactos positivos na moeda, no PIB e na confiança dos investidores.
Este artigo explora em detalhes como produtos como soja, minério de ferro, petróleo e carnes têm sustentado o superávit, quais desafios persistem e que caminhos podem ser trilhados para um futuro mais diversificado e resiliente.
Nas últimas décadas, o Brasil consolidou-se como um dos maiores exportadores mundiais de produtos primários. A participação das commodities chegou a representar 70% do total exportado em meses como março de 2024, refletindo a vocação natural do país para setores agropecuário, extrativo e agroindustrial.
Entre janeiro e maio de 2025, foram registrados US$ 136,93 bilhões em exportações e US$ 112,49 bilhões em importações, resultando em um superávit de US$ 24,43 bilhões. Apesar do número ser robusto, houve uma queda de 30,6% em relação ao mesmo período de 2024, principalmente pela retração em produtos-chave como milho não moído e açúcar.
Para entender a magnitude desse movimento, é fundamental conhecer os principais produtos que lideram as remessas ao exterior. Até junho de 2025, destacaram-se:
Esses itens, somados ao algodão, ao farelo de soja e à celulose, compõem o portfólio responsável por sustentar o fluxo de divisas e equilibrar as contas externas.
Em maio de 2025, o desempenho dos segmentos foi heterogêneo. A agropecuária caiu 0,6% (US$ 7,44 bilhões), a indústria extrativa recuou 6,6% (US$ 7,24 bilhões) e a indústria de transformação cresceu 3,4% (US$ 15,32 bilhões). Esses números mostram a importância de agregar valor internamente e elevar o grau de industrialização das exportações.
Em relação ao ano anterior:
Apesar do aumento no volume de negócios, capturado pelo indicador quantum (que teve volume exportado teve aumento de 14,6% em março de 2024), a valorização cambial e a queda nos preços internacionais de algumas commodities pressionaram o superávit.
O comportamento das commodities no mercado global depende de variáveis voláteis e interligadas:
Essa combinação de fatores impõe um desafio estrutural: como reduzir a vulnerabilidade a crises externas e oscilações de preços, enquanto se amplia o leque de produtos com maior valor agregado.
Mesmo diante das incertezas, o saldo positivo da balança comercial traz benefícios concretos:
O fortalecimento do real, a geração de empregos e o financiamento de déficits em transações correntes são impactos diretos desse desempenho. Além disso, há um efeito multiplicador no PIB e na cadeia produtiva nacional.
Superar a dependência excessiva de commodities exige políticas públicas e investimentos privados em:
Regiões estratégicas no Norte, Centro-Oeste e Sul do país podem se beneficiar de investimentos em infraestrutura e de políticas de incentivo à industrialização.
O Brasil detém um enorme potencial para se posicionar além do fornecimento de matérias-primas. Ao integrar pesquisa, logística eficiente e parcerias globais, é possível construir uma cadeia de exportação mais robusta e menos vulnerável a flutuações.
O desafio está lançado: equilibrar a força das commodities com a busca por novos nichos de mercado, promovendo o crescimento sustentável, a geração de empregos qualificados e o fortalecimento das contas externas.
Cada agente econômico — do pequeno produtor ao grande exportador — tem um papel fundamental nessa jornada de transformação. Com visão estratégica e cooperação, podemos escrever um novo capítulo na história da balança comercial brasileira, baseado em resiliência, inovação e valor agregado.
Referências