O setor mineral brasileiro é um dos pilares da economia nacional e suas exportações exercem influência direta no desempenho do mercado de ações. Ao cruzar dados de faturamento, volumes e cotações internacionais, compreendemos como a dinâmica externa molda a valorização das empresas mineradoras na B3.
Em 2025, o setor mineral alcançou um ritmo de crescimento sólido, com um faturamento de R$ 73,8 bilhões no primeiro trimestre. Esse montante representa um aumento de 8,6% em relação ao mesmo período de 2024.
Os empregos diretos ultrapassam 223 mil vagas, resultado do incremento de mais de 2 mil postos no primeiro trimestre, reforçando a relevância social da mineração em estados como Minas Gerais, Pará e Bahia.
Minas Gerais lidera com 40% do faturamento, seguida pelo Pará (33%) e pela Bahia (5%). O minério de ferro responde por 53% desse total, somando R$ 38,8 bilhões, embora tenha registrado uma queda de 12% em volume comparado a 2024.
No primeiro trimestre de 2025, as exportações minerais atingiram US$ 9,3 bilhões, apesar da queda de 14,3% em valor na cotação em dólar. Esse resultado acompanha leve alta de 0,3% no volume exportado, que chegou a 87,7 milhões de toneladas.
O minério de ferro permaneceu como protagonista, representando 63,9% das vendas externas do setor. Esses resultados definem um peso significativo no Ibovespa, dado que empresas como Vale S.A. respondem por grande parte da composição do índice.
As oscilações nos preços internacionais são o principal fator para a variação em dólares nas exportações de minério. A instabilidade nos mercados globais, acentuada pela guerra tarifária entre China e EUA, gera incertezas e pressiona as cotações.
Apesar disso, a demanda por minérios críticos continua alta, impulsionada por projetos de transição energética, descarbonização e o avanço de novas tecnologias, que requerem metais estratégicos para baterias e componentes elétricos.
O setor mineral recolheu R$ 25,5 bilhões em tributos no primeiro trimestre, um crescimento de 8% em comparação a 2024, incluindo R$ 2 bilhões de CFEM. Esse montante reforça a importância fiscal da mineração para estados produtores e para a União.
Para o período de 2025 a 2029, estão previstos investimentos estimados em US$ 68,4 bilhões, 6,6% acima do ciclo anterior. Esses recursos visam ampliar capacidade de produção, modernizar infraestrutura logística e explorar depósitos de minerais críticos.
As principais empresas mineradoras de capital aberto detêm peso expressivo no Ibovespa. Movimentos bruscos nos preços do minério de ferro e nos volumes exportados afetam diretamente o valor de mercado dessas companhias e, consequentemente, o índice geral.
Em períodos de valorização do minério, o setor registra rallies significativos na bolsa, elevando o Ibovespa. Por outro lado, quedas severas nas cotações pressionam as ações e podem gerar quedas expressivas no índice.
O futuro do setor mineral depende de fatores externos e internos. A continuidade da guerra tarifária e a evolução da transição energética global podem afetar preços e demanda.
Internamente, desafios como custos de produção, licenciamento ambiental e renovação de reservas também determinam o ritmo de crescimento. A adoção de práticas sustentáveis e investimentos em tecnologia serão cruciais para manter a competitividade.
As exportações de minério são um termômetro preciso para o humor do mercado acionário brasileiro. Entender a relação entre volumes, preços e cotações é fundamental para investidores e gestores.
Em um horizonte de incertezas e oportunidades, o setor mineral deve equilibrar expansão produtiva, responsabilidade socioambiental e adaptação a cenários globais em transformação. Só assim as mineradoras poderão sustentar sua influência positiva no Ibovespa e garantir um ciclo de valorização consistente.