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A sustentabilidade se consolida como critério em grandes fundos

A sustentabilidade se consolida como critério em grandes fundos

13/09/2025 - 06:53
Matheus Moraes
A sustentabilidade se consolida como critério em grandes fundos

No cenário financeiro brasileiro, a sustentabilidade deixou de ser apenas uma tendência para se tornar um pilar estratégico de investimentos de longo prazo. Grandes fundos têm integrado, de forma crescente, critérios ESG (ambientais, sociais e de governança), refletindo uma mudança profunda no perfil de alocação de recursos.

Este artigo explora a evolução dos fundos ESG no Brasil, compara com movimentos globais, analisa perfis de investidores e aponta desafios, oportunidades e perspectivas para os próximos anos.

Ascensão dos fundos ESG no Brasil

Até maio de 2025, o número de fundos brasileiros alinhados a critérios ESG alcançou 193, contemplando classes de ativos que vão de renda fixa a ações e multimercados. O volume sob gestão desses fundos atingiu R$ 34 bilhões, crescimento expressivo de 28% em 2025, muito acima dos 4,27% registrados pela indústria de fundos tradicional no mesmo período.

  • Fundos IS (Investimento Sustentável): 127 fundos com compromisso formal e adoção de integração efetiva de critérios ESG.
  • ESG-related funds: 66 fundos que consideram fatores ESG sem compromisso institucionalizado.

Entre 2022 e 2025, os fundos IS de ações valorizaram-se em 41%, enquanto os ESG-related subiram 31,7%, comparados aos 21,9% de alta da indústria de fundos de ações.

Desempenho e comparações de mercado

O desempenho financeiro dos fundos sustentáveis confirma que adotar critérios ESG não prejudica a rentabilidade. Muito pelo contrário, vem superando índices tradicionais e atraindo cada vez mais investidores.

A tabela abaixo resume a evolução dos ativos sob gestão, taxas de crescimento anual e captação líquida em alguns anos chave:

*Dados referentes à captação entre janeiro e maio de 2025.

Tendências globais e impactos geopolíticos

No âmbito internacional, o movimento ESG também segue em foco, mas com fluxos diferenciados. No primeiro trimestre de 2025, fundos sustentáveis registraram resgates de US$ 6,1 bilhões nos EUA e US$ 1,2 bilhão na Europa.

Em 2023, a Europa liderou com entradas líquidas de US$ 20,1 bilhões. No entanto, tensões políticas recentes, como a possibilidade de retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, reduziram a prioridade de metas climáticas e de sustentabilidade.

Perfis de investidores e motivações

Investidores institucionais e estrangeiros demonstram crescente interesse em empresas brasileiras com boas práticas ESG. A busca por retornos ajustados ao risco com responsabilidade tem impulsionado a alocação de recursos.

Segundo a Bloomberg, fundos ESG captaram 25% mais investimentos em comparação aos fundos tradicionais, reflexo da combinação entre busca por resultados financeiros e valores socioambientais.

Desafios e oportunidades no contexto brasileiro

  • Infraestrutura e políticas públicas: necessidade de aperfeiçoar logística e regulações para apoiar projetos sustentáveis.
  • Governança corporativa: aprimorar relatórios e metodologias para evitar greenwashing e aumentar a confiança dos investidores.
  • Inovação em produtos e serviços sustentáveis como diferencial competitivo, abrindo novos mercados.
  • Utilização intensiva de tecnologia em plataformas de diagnóstico e gestão ESG para acelerar a adaptação de empresas e fundos.

Perspectivas futuras e estratégias de alocação

O ano de 2025 é considerado um divisor de águas para a ESG no Brasil, impulsionado por pressão de investidores, consumidores e reguladores por mais transparência e metas claras.

  • Migração para fundos ESG de renda fixa, favorecidos pelos juros altos no país.
  • Fundo multimercado com abordagem ESG ganha relevância como forma de diversificação.
  • Fundos de ações sustentáveis ajustam estratégias diante de volatilidade de mercados globais.

Regulação e combate ao greenwashing

O arcabouço regulatório brasileiro vem se alinhando a padrões internacionais, exigindo divulgação mais robusta de dados ESG e assegurando integridade das informações.

Esforços de órgãos reguladores visam coibir práticas de greenwashing e garantir qualidade das emissões de relatórios, fortalecendo a confiança de investidores nacionais e estrangeiros.

Conclusão

A consolidação da sustentabilidade como critério em grandes fundos evidencia uma transformação estrutural no mercado financeiro brasileiro. A crescente adoção de práticas ESG não apenas agrega valor ao portfólio, mas também impulsiona o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do país.

Com perspectivas de liderança regional em ESG, o Brasil tem a oportunidade de harmonizar crescimento econômico, justiça social e preservação ambiental, atraindo cada vez mais capitais e reforçando seu papel protagonista no cenário global.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes