No cenário financeiro brasileiro, a sustentabilidade deixou de ser apenas uma tendência para se tornar um pilar estratégico de investimentos de longo prazo. Grandes fundos têm integrado, de forma crescente, critérios ESG (ambientais, sociais e de governança), refletindo uma mudança profunda no perfil de alocação de recursos.
Este artigo explora a evolução dos fundos ESG no Brasil, compara com movimentos globais, analisa perfis de investidores e aponta desafios, oportunidades e perspectivas para os próximos anos.
Até maio de 2025, o número de fundos brasileiros alinhados a critérios ESG alcançou 193, contemplando classes de ativos que vão de renda fixa a ações e multimercados. O volume sob gestão desses fundos atingiu R$ 34 bilhões, crescimento expressivo de 28% em 2025, muito acima dos 4,27% registrados pela indústria de fundos tradicional no mesmo período.
Entre 2022 e 2025, os fundos IS de ações valorizaram-se em 41%, enquanto os ESG-related subiram 31,7%, comparados aos 21,9% de alta da indústria de fundos de ações.
O desempenho financeiro dos fundos sustentáveis confirma que adotar critérios ESG não prejudica a rentabilidade. Muito pelo contrário, vem superando índices tradicionais e atraindo cada vez mais investidores.
A tabela abaixo resume a evolução dos ativos sob gestão, taxas de crescimento anual e captação líquida em alguns anos chave:
*Dados referentes à captação entre janeiro e maio de 2025.
No âmbito internacional, o movimento ESG também segue em foco, mas com fluxos diferenciados. No primeiro trimestre de 2025, fundos sustentáveis registraram resgates de US$ 6,1 bilhões nos EUA e US$ 1,2 bilhão na Europa.
Em 2023, a Europa liderou com entradas líquidas de US$ 20,1 bilhões. No entanto, tensões políticas recentes, como a possibilidade de retorno de Donald Trump à presidência dos EUA, reduziram a prioridade de metas climáticas e de sustentabilidade.
Investidores institucionais e estrangeiros demonstram crescente interesse em empresas brasileiras com boas práticas ESG. A busca por retornos ajustados ao risco com responsabilidade tem impulsionado a alocação de recursos.
Segundo a Bloomberg, fundos ESG captaram 25% mais investimentos em comparação aos fundos tradicionais, reflexo da combinação entre busca por resultados financeiros e valores socioambientais.
O ano de 2025 é considerado um divisor de águas para a ESG no Brasil, impulsionado por pressão de investidores, consumidores e reguladores por mais transparência e metas claras.
O arcabouço regulatório brasileiro vem se alinhando a padrões internacionais, exigindo divulgação mais robusta de dados ESG e assegurando integridade das informações.
Esforços de órgãos reguladores visam coibir práticas de greenwashing e garantir qualidade das emissões de relatórios, fortalecendo a confiança de investidores nacionais e estrangeiros.
A consolidação da sustentabilidade como critério em grandes fundos evidencia uma transformação estrutural no mercado financeiro brasileiro. A crescente adoção de práticas ESG não apenas agrega valor ao portfólio, mas também impulsiona o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do país.
Com perspectivas de liderança regional em ESG, o Brasil tem a oportunidade de harmonizar crescimento econômico, justiça social e preservação ambiental, atraindo cada vez mais capitais e reforçando seu papel protagonista no cenário global.
Referências