O e-commerce evoluiu de simples lojas virtuais para um ecossistema complexo que demanda rapidez e alta performance em cada etapa da cadeia. Nesse contexto, as startups de logística se destacam como agentes transformadores, criando soluções que redefinem conceitos de entrega e armazenamento.
Ao longo dos últimos anos, essas empresas têm demonstrado não apenas capacidade de adaptação a desafios geográficos do Brasil, mas também de inovação diante das novas demandas dos consumidores, que buscam cada vez mais garantias de sustentabilidade, transparência e praticidade.
O Brasil vive um momento único de expansão digital. Projeta-se um crescimento do e-commerce no Brasil de cerca de 16% em 2025, com faturamento próximo de R$ 240 bilhões. Esse movimento é impulsionado pela democratização do acesso à internet, pelo uso massivo de smartphones e pela eficiência de sistemas de pagamento instantâneo como o Pix.
Em 2024, observou-se um aumento de 18% no número de consumidores digitais, intensificando a demanda por serviços logísticos mais rápidos em todo o país. Os clientes não querem apenas receber o produto: querem experiências que envolvam rastreamento em tempo real, flexibilidade de horários e opções sustentáveis de entrega.
Além dos grandes centros, o avanço do e-commerce alcançou cidades médias e pequenas, exigindo soluções adaptadas a rotas menos convencionais e a diferentes perfis de consumo. Essa descentralização apresenta oportunidades para logtechs regionais e nacionais que investem em microhubs e parcerias com transportadoras locais.
Atualmente, existem 283 startups de logística ativas no Brasil, um setor que se consolidou em apenas uma década como um dos mais promissores para investidores. Observa-se um ambiente jovem e inovador, com fundadores que combinam conhecimentos em TI, engenharia e gestão de cadeia de suprimentos.
Mais de 50% dessas empresas foram criadas entre 2015 e 2020, um período marcado pelo aumento de investimentos em tecnologias disruptivas. Desde 2011, essas logtechs captaram mais de R$ 1,3 bilhão em cerca de 100 rodadas, evidenciando a confiança de fundos de venture capital nacionais e estrangeiros.
Nos primeiros nove meses de 2020, US$ 187,6 milhões foram injetados no setor, com destaque para a Bossa Nova Investimentos como principal apoiadora. Esse capital tem sido direcionado para expansão de malha, desenvolvimento de plataformas e aquisição de equipamentos automatizados.
O Sudeste, especialmente São Paulo, concentra mais de 60% das operações e emprega mais de 11 mil pessoas. No entanto, a interiorização dos serviços tem atraído o olhar de startups em estados como Minas Gerais, Paraná e Bahia.
As parcerias entre e-commerces e startups logísticas têm promovido entregas mais ágeis e um melhor gerenciamento de estoque, reduzindo perdas e custos operacionais. Modelos híbridos, que unem transportadoras tradicionais a tecnologias de ponta, ganham força.
O uso de tecnologias como inteligência artificial e drones permite otimizar rotas, prever gargalos e realizar entregas em locais de difícil acesso. Nos centros urbanos, soluções com veículos elétricos e bicicletas elétricas também são testadas para diminuir emissões de carbono.
De acordo com a McKinsey, o investimento em soluções de IA para logística deve chegar a US$ 5,5 bilhões até 2027, crescendo a uma média anual de 37,3%. Além disso, tecnologias como blockchain para rastreabilidade e IoT para monitoramento de cargas frias já fazem parte do roteiro de inovação.
Diversas startups vêm se destacando por propor soluções específicas para cada etapa da cadeia de suprimentos, desde a armazenagem até a última milha de entrega.
Os fundadores dessas logtechs costumam ser jovens com forte background tecnológico, mas também com visão estratégica de mercado. Muitas empresas adotam agendas ESG, incentivando práticas sustentáveis em toda a cadeia, como uso de embalagens biodegradáveis e rotas verdes.
Após a pandemia de Covid-19, observou-se uma aceleração significativa do “novo normal” na logística, com processos mais ágeis, foco em segurança sanitária e maior integração entre canais de venda. Modelos como fulfillment compartilhado e hubs urbanos ganharam relevância.
Além disso, novas formas de colaboração surgem constantemente: programas de aceleração, parcerias com universidades para pesquisa aplicada e conexões com centros de inovação global. Esse ecossistema colaborativo potencializa o surgimento de soluções ainda mais robustas.
O Brasil tem tudo para se consolidar como protagonista no mercado global de logtechs, seguindo o exemplo das fintechs, que revolucionaram o sistema financeiro. A experiência do cliente e a sustentabilidade logística deverão ser pilares das próximas gerações de empresas.
Para aproveitar essas oportunidades, startups devem investir em integração omnichannel, reforço da infraestrutura de última milha e adoção de soluções móveis que permitam acompanhamento em qualquer dispositivo. Estratégias de fusões e aquisições também devem ganhar espaço.
Em síntese, o infraestrutura logística robusta, tecnológica e escalável será essencial para atender consumidores cada vez mais exigentes. Com visão inovadora e parcerias estratégicas, as startups brasileiras estão preparadas para escrever um novo capítulo na história do comércio eletrônico.
Referências