No atual cenário global, marcado por oscilações cambiais, crises geopolíticas e pressões socioambientais, os setores defensivos agrícolas têm se consolidado como pilares de estabilidade. Mais do que nunca, a agricultura reforça seu papel estratégico na segurança alimentar e na economia nacional, demonstrando uma capacidade de adaptação impressionante diante das adversidades.
Para o ciclo 2025, as entidades Croplife Brasil e Sindiveg apontam um crescimento modesto do setor entre 3% e 6% em relação ao ciclo 2023/24. Embora abaixo de períodos de expansão mais acelerada, esse desempenho revela uma postura mais conservadora dos agentes, reflexo direto da volatilidade cambial e crises geopolíticas.
Esperam-se mais de 2 bilhões de hectares tratados em 2025, com liderança das principais culturas:
Soja responde por cerca de 55% da área, seguida por milho (17%), algodão (8%), cana (4%) e demais culturas como trigo, feijão e café somando os percentuais restantes. O mercado nacional concentra a maior parte do consumo em milho (36%), soja (35%) e algodão (13%), seguidos de pastagens (7%) e outros setores como hortifrúti e cana-de-açúcar.
No primeiro trimestre de 2025, a área tratada com defensivos cresceu 1,8% e o volume aplicado subiu 3,4%, atingindo mais de 831 milhões de hectares. Apesar desse avanço em escala, o faturamento caiu 11,1%, totalizando US$ 6,6 bilhões, em razão da queda dos preços dos insumos e da desvalorização do real.
Encerrando 2024, o segmento acumulou 2,5 bilhões de hectares tratados, um ganho de 12,2% sobre 2023, mas com recuo de 6,6% no faturamento anual, alcançando US$ 19,9 bilhões. Esses dados expõem o dilema atual: maior volume e área, mas margens mais apertadas para fabricantes e produtores.
Em meio a custos elevados e pressões ambientais, os bioinsumos ganham espaço consistente. A projeção de crescimento de 13% em 2025 e uma área tratada que deve alcançar 155 milhões de hectares indicam o interesse em soluções mais sustentáveis.
A adoção, ainda conservadora, passa por processos naturais de assimilação, validação técnica e certificações. As empresas investem em novas tecnologias biológicas — desde microrganismos benéficos até extratos vegetais — visando atender à demanda de um mercado que valoriza rastreabilidade e menor impacto ambiental.
Os setores defensivos apresentam atributos únicos que reforçam sua força em momentos de instabilidade. A seguir, destacamos os principais pilares dessa resiliência:
Apesar da robustez, o setor enfrenta obstáculos que exigem respostas criativas e colaborativas. Entre os principais desafios, identificamos:
Contudo, essas barreiras também abrem espaço para oportunidades:
O impulso a tecnologias digitais, como monitoramento via satélite e inteligência artificial, pode otimizar custos e ampliar o alcance dos bioinsumos. Parcerias entre empresas, universidades e cooperativas tornam-se vitais para acelerar a adoção de soluções de alto valor agregado.
Em meio a crises globais, garantir o abastecimento de alimentos é missão de Estado. Os defensivos agrícolas não apenas sustentam a produtividade, mas asseguram o funcionamento de cadeias complexas de suprimento.
Investir no setor significa fortalecer a autonomia nacional, gerar empregos e renda ao longo da cadeia e consolidar o Brasil como celeiro do mundo. A combinação entre eficiência, inovação e sustentabilidade será determinante para os próximos anos.
O horizonte pós-2025 aponta para uma agricultura cada vez mais digital e de baixo impacto. A integração de big data, sensores em campo e sistemas de previsão climática permitirá decisões mais precisas e redução do uso de insumos.
Além disso, o diálogo com consumidores e cadeias de valor reforçará a demanda por produtos mais sustentáveis, criando um ciclo virtuoso de melhoria contínua. A transição para práticas regenerativas e economia circular nos defensivos representará não apenas uma evolução técnica, mas uma mudança profunda na forma de produzir e consumir.
Em suma, os setores defensivos agrícolas, por meio de sua capacidade de adaptação e inovação, reafirmam seu protagonismo em momentos de incerteza. Ao unir tecnologia, sustentabilidade e solidez econômica, pavimentam o caminho para uma agricultura mais resiliente e competitiva, garantindo a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável do país.
Referências