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Setores defensivos atraem atenção em tempos de volatilidade

Setores defensivos atraem atenção em tempos de volatilidade

26/06/2025 - 21:18
Matheus Moraes
Setores defensivos atraem atenção em tempos de volatilidade

Em um momento de incertezas globais, o agronegócio brasileiro volta seus olhos aos setores defensivos como baluartes de estabilidade. O uso de insumos para proteção de culturas ganha destaque diante de cenários complexos, garantindo produtividade e segurança para produtores e investidores.

Contexto e motivações

O ambiente econômico atual é marcado por volatilidade cambial e geopolítica crescente, que pressiona margens e aumenta riscos. Produtores e investidores, naturalmente, buscam refúgios em segmentos resilientes para preservar capital e assegurar previsibilidade.

Nesse sentido, o setor de defensivos agrícolas se consolida como peça-chave, uma vez que apresenta demanda inelástica por insumos essenciais. Mesmo com margens apertadas, a necessidade de proteção das lavouras não permite reduções significativas de aplicação.

Crescimento e projeções para 2025

De acordo com Croplife e Sindiveg, o mercado de defensivos agrícolas deve apresentar crescimento modesto, situando-se entre 3% e 6% no ciclo 2024/25. Já o segmento de bioinsumos desponta com bioinsumos com alto potencial de adoção, podendo ultrapassar 155 milhões de hectares tratados.

Esse crescimento, ainda que tímido, reflete ajustes de preços e câmbio – de R$ 5,10 para R$ 5,50 por dólar – e a busca contínua por soluções que garantam retorno sobre o investimento.

Desempenho por categoria de defensivos

O mix de produtos evidencia a preferência dos produtores:

  • Herbicidas: 45% do volume total
  • Fungicidas: 23%
  • Inseticidas: 22%
  • Tratamentos de sementes: 1%
  • Outras categorias: 8%

Essa divisão mostra onde estão concentradas as maiores demandas e onde as empresas podem focar esforços de inovação e logística.

Distribuição regional e por cultura

O uso de defensivos varia conforme o perfil produtivo de cada estado. A seguir, a participação por regiões e principais culturas:

  • Mato Grosso e Rondônia: 37% – soja (55% da área total)
  • BAMATOPIPA: 16% – milho (17%) e algodão (8%)
  • São Paulo e Minas Gerais: 14% – cana-de-açúcar (4%)
  • Paraná: 10% – trigo (3%)
  • Outras regiões (RS, SC, Goiás e DF): 23% – feijão, hortifruti, café e citros

Com áreas tratadas que devem ultrapassar 2 bilhões de hectares em 2025, o Brasil mantém liderança global em consumo de defensivos.

Fatores de resiliência e desafios financeiros

Embora o volume e a área aplicados sigam em alta, o setor enfrenta queda de faturamento devido à desvalorização do real e à pressão nos preços. Mesmo assim, a resiliência estrutural do setor defensivo garante continuidade das operações e confiança dos agentes do mercado.

Entre os fatores que tornam esse segmento robusto estão:

  • Demanda inelástica em momentos de pressão econômica
  • Ritmo constante de aplicação para manutenção de produtividade
  • Incorporação de tecnologias inovadoras e custo-benefício atraente

Expectativas específicas para cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar deve se beneficiar do câmbio favorável, recuperando receita em reais mesmo com preços internacionais estáveis. A área tratada cresceu 4% em 2024, seguindo média anual de expansão de 5%.

Esse segmento mostra como fatores externos, como variação cambial e demanda pelo etanol, podem tornar o uso de defensivos ainda mais estratégico.

Perspectivas de inovação e sustentabilidade

O futuro do setor passa pela adoção de práticas mais sustentáveis e pelo fortalecimento do uso de bioinsumos. A busca por práticas agrícolas alinhadas à pauta ESG e o incentivo a incentivos ao crédito rural especializado são determinantes para manter o crescimento.

Para produtores e investidores, algumas ações podem maximizar oportunidades:

  • Otimizar custos por meio de análises de eficiência
  • Adicionar bioinsumos ao mix de defensivos
  • Acompanhar tendências regulatórias e de rastreabilidade
  • Investir em insumos de alta tecnologia
  • Buscar linhas de crédito com custos competitivos

Ao combinar inovação tecnológica, responsabilidade socioambiental e gestão financeira rigorosa, o setor de defensivos agrícolas no Brasil está pronto para enfrentar volatilidades e continuar contribuindo para a segurança alimentar global.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes