Nos últimos meses, as revisões nas expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ganharam destaque entre gestores de fundos multimercado. Alterações de poucos décimos na projeção oficial influenciam diretamente estratégias de alocação, abrindo espaço para diversificação estratégica e gerenciamento de risco que podem fazer a diferença em um cenário volátil.
O Boletim Focus do Banco Central mostrou uma elevação da estimativa de crescimento do PIB para 2025, de 2,13% para 2,18%, enquanto para 2026 passou de 1,80% para 1,81%. No primeiro trimestre de 2025, o Brasil registrou alta de 1,4%, puxada pelos setores de agronegócio e serviços.
Internacionalmente, o JPMorgan revisou sua projeção para o PIB de 2025 de 1,9% para 2,3%, citando melhora no cenário externo, especialmente o acordo tarifário entre EUA e China, e uma safra agrícola recorde. Para 2026, manteve a estimativa em 1,2%.
No período de julho a dezembro de 2024, fundos multimercado registraram retorno de 6,36% ante 5,03% do CDI, superando 3,70% do Ibovespa e 3,45% dos títulos de inflação de até cinco anos. Essa performance, acima do benchmark, ressalta a capacidade de retorno superior ao CDI em momentos de instabilidade.
A alocação diversificada, que incluiu exposição internacional e ativos alternativos como Bitcoin e moedas emergentes, foi determinante para esses resultados. Apesar disso, o setor ainda enfrenta saídas líquidas: em 2024, resgates somaram R$ 79,2 bi, com R$ 16,2 bi apenas em maio de 2025.
Para os gestores, 2025 se apresenta como um ano de recuperação. Após fases de resgate e desempenho abaixo do CDI em 2023 e início de 2024, há volatilidade global e oportunidades únicas que permitem estratégias diferenciadas. A elevada taxa Selic, projetada em 14,75% ao final do ano, favorece posições de caixa e operação alavancada no exterior.
Além disso, a cenário macroeconômico global descorrelacionado cria janelas de arbitragem e hedge, contrastando com o período de juros sincronizados durante a pandemia. Gestores acreditam que esse ambiente pode atrair novos aportes, ainda que permaneçam cautelosos em função de riscos políticos e fiscais.
Apesar dos indicadores apontarem para moderação da inflação (IPCA 5,44%) e estabilidade cambial (dólar a R$ 5,80), os riscos políticos e pressões fiscais exigem vigilância constante. A combinação de gestão ativa e monitoramento de riscos é essencial para navegar nesse contexto.
Investidores que desejam aproveitar esse momento de reajuste nas projeções devem considerar:
A diversificação entre renda fixa, variável e ativos alternativos pode reduzir a correlação com mercados domésticos e aproveitar oportunidades globais de arbitragem.
As revisões nas projeções do PIB brasileiro embasam decisões estratégicas em fundos multimercado, proporcionando potencial de retorno ajustado ao risco. Com cenários nacionais e internacionais em transformação, a combinação de análise macro, diversificação e gestão ativa é o caminho para obter resultados consistentes.
Para os próximos trimestres, acompanhar de perto indicadores como Selic, IPCA e câmbio, além de avaliar a execução das políticas fiscais, será vital. Assim, investidores e gestores poderão surfar tanto o crescimento do agronegócio e serviços quanto explorar descorrelações globais em busca de performance acima dos benchmarks tradicionais.
Referências