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Projeções do PIB embasam revisões em fundos multimercado

Projeções do PIB embasam revisões em fundos multimercado

27/03/2025 - 14:55
Matheus Moraes
Projeções do PIB embasam revisões em fundos multimercado

Nos últimos meses, as revisões nas expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ganharam destaque entre gestores de fundos multimercado. Alterações de poucos décimos na projeção oficial influenciam diretamente estratégias de alocação, abrindo espaço para diversificação estratégica e gerenciamento de risco que podem fazer a diferença em um cenário volátil.

Revisões das projeções do PIB e contexto macroeconômico

O Boletim Focus do Banco Central mostrou uma elevação da estimativa de crescimento do PIB para 2025, de 2,13% para 2,18%, enquanto para 2026 passou de 1,80% para 1,81%. No primeiro trimestre de 2025, o Brasil registrou alta de 1,4%, puxada pelos setores de agronegócio e serviços.

Internacionalmente, o JPMorgan revisou sua projeção para o PIB de 2025 de 1,9% para 2,3%, citando melhora no cenário externo, especialmente o acordo tarifário entre EUA e China, e uma safra agrícola recorde. Para 2026, manteve a estimativa em 1,2%.

Desempenho recente dos fundos multimercado

No período de julho a dezembro de 2024, fundos multimercado registraram retorno de 6,36% ante 5,03% do CDI, superando 3,70% do Ibovespa e 3,45% dos títulos de inflação de até cinco anos. Essa performance, acima do benchmark, ressalta a capacidade de retorno superior ao CDI em momentos de instabilidade.

A alocação diversificada, que incluiu exposição internacional e ativos alternativos como Bitcoin e moedas emergentes, foi determinante para esses resultados. Apesar disso, o setor ainda enfrenta saídas líquidas: em 2024, resgates somaram R$ 79,2 bi, com R$ 16,2 bi apenas em maio de 2025.

  • Retorno Multimercado (jul–dez/2024): 6,36%
  • CDI (mesmo período): 5,03%
  • Resgates líquidos em 2024: R$ 79,2 bi

Visão dos gestores e cenários para 2025

Para os gestores, 2025 se apresenta como um ano de recuperação. Após fases de resgate e desempenho abaixo do CDI em 2023 e início de 2024, há volatilidade global e oportunidades únicas que permitem estratégias diferenciadas. A elevada taxa Selic, projetada em 14,75% ao final do ano, favorece posições de caixa e operação alavancada no exterior.

Além disso, a cenário macroeconômico global descorrelacionado cria janelas de arbitragem e hedge, contrastando com o período de juros sincronizados durante a pandemia. Gestores acreditam que esse ambiente pode atrair novos aportes, ainda que permaneçam cautelosos em função de riscos políticos e fiscais.

Indicadores-chave e panorama de riscos

Apesar dos indicadores apontarem para moderação da inflação (IPCA 5,44%) e estabilidade cambial (dólar a R$ 5,80), os riscos políticos e pressões fiscais exigem vigilância constante. A combinação de gestão ativa e monitoramento de riscos é essencial para navegar nesse contexto.

Estratégias práticas para investidores

Investidores que desejam aproveitar esse momento de reajuste nas projeções devem considerar:

  • Escolher fundos com histórico de alocação dinâmica em múltiplos ativos.
  • Priorizar gestores que utilizem derivativos para proteger posições voláteis.
  • Monitorar revisões periódicas do Boletim Focus e relatórios internacionais.

A diversificação entre renda fixa, variável e ativos alternativos pode reduzir a correlação com mercados domésticos e aproveitar oportunidades globais de arbitragem.

Conclusão: aproveitando o momento

As revisões nas projeções do PIB brasileiro embasam decisões estratégicas em fundos multimercado, proporcionando potencial de retorno ajustado ao risco. Com cenários nacionais e internacionais em transformação, a combinação de análise macro, diversificação e gestão ativa é o caminho para obter resultados consistentes.

Para os próximos trimestres, acompanhar de perto indicadores como Selic, IPCA e câmbio, além de avaliar a execução das políticas fiscais, será vital. Assim, investidores e gestores poderão surfar tanto o crescimento do agronegócio e serviços quanto explorar descorrelações globais em busca de performance acima dos benchmarks tradicionais.

Matheus Moraes

Sobre o Autor: Matheus Moraes

Matheus Moraes