O Brasil surpreendeu o mercado ao divulgar desempenho do PIB acima das expectativas iniciais, desencadeando otimismo dos investidores estrangeiros e reanimando as bolsas de países emergentes. Dados do primeiro trimestre reforçam a capacidade de recuperação da economia e impulsionam debates sobre perspectivas futuras.
O Banco Central do Brasil elevou sua projeção de crescimento do PIB para 2025 de 1,9% para 2,1%. Esse ajuste reflete a robustez de setores-chave e a resiliência do consumo interno, mesmo em ambiente de juros elevados.
O resultado do primeiro trimestre mostrou expansão de 1,4%, acima das estimativas anteriores, com a agropecuária liderando a alta e serviços sustentando o desempenho.
O agronegócio teve sua projeção de crescimento ajustada de 6,5% para 8,0%, refletindo safras recordes e demanda externa aquecida. O setor de serviços também recebeu revisão para cima, passando de 1,5% para 1,8%, impulsionado por segmentos como comércio e transporte.
Apesar de um leve recuo na indústria, de 2,2% para 1,9%, o segmento mantém sinalizações positivas de recuperação gradual. No conjunto, o consumo das famílias foi reestimado de 1,5% para 2,1%, enquanto a formação bruta de capital fixo saltou de 2,0% para 2,8%.
A divulgação dos dados provocou uma resposta imediata dos grandes bancos globais. O JP Morgan elevou recomendação de ações brasileiras de “neutro” para “compra”, citando ambiente externo favorável e perspectiva de fim do ciclo de aperto monetário.
A expectativa de redução ou estabilidade nos juros dos EUA pode canalizar recursos para mercados emergentes, sobretudo aqueles com diferencial de juros reais elevado e câmbio mais estável. No Brasil, a taxa Selic se mantém em 15%, atraindo investidores para renda fixa e variável.
Entretanto, decisões do Federal Reserve e volatilidade chinesa continuam a influenciar o apetite ao risco, tornando o contexto global dinâmico e desafiador.
Apesar da melhora nos indicadores, o Banco Central mantém a política monetária restritiva para conter a inflação, que deve ficar acima de 3% até 2027. A taxa de juros alta tem impacto nos custos de crédito, mas sustenta o real frente a moedas emergentes.
O ambiente fiscal permanece apontado como o principal gargalo. Gastos públicos elevados e incertezas sobre reformas podem limitar espaço para cortes de juros, exigindo maior disciplina orçamentária e estratégias de longo prazo.
A resiliência das empresas brasileiras e o fortalecimento do mercado interno sugerem que o crescimento acima do previsto não se restringe apenas a um ciclo momentâneo. No entanto, a participação do Brasil em índices globais de emergentes, como o MSCI EM, caiu para cerca de 4,66%, reflexo de quedas no curto prazo.
Um possível rebalanceamento nesses índices pode reduzir ainda mais o peso brasileiro, mas as recentes recomendações de bancos globais indicam que o apetite por ativos nacionais está em retomada.
Em suma, o ajuste para cima das projeções do PIB brasileiro reacende o interesse em ativos de emergentes e sinaliza resiliência das empresas brasileiras em meio a desafios. O equilíbrio entre oportunidades e riscos dependerá da condução fiscal e monetária nos próximos trimestres, além da evolução do cenário internacional.
Referências