O setor varejista vive um momento de transformação intensa. Com o fim das restrições da pandemia e a aceleração da digitalização, empresas de todos os portes buscam estratégias para continuar crescendo. A adoção de um modelo omnichannel tem se mostrado essencial para enfrentar desafios econômicos e comportamentais, garantindo competitividade e fidelidade do consumidor.
Nos últimos dois anos, o varejo brasileiro demonstrou resiliência notável. Em 2024, o segmento avançou 4,7% e, só em fevereiro de 2025, registrou alta de 0,5%, mesmo em um cenário de incertezas econômicas. Esses resultados mostram que a combinação de inovação e adaptação às preferências dos clientes foi determinante para manter o ritmo de expansão.
Também é relevante o indicador de varejo ampliado, que cresceu 0,9% no primeiro trimestre de 2025, seu sétimo trimestre consecutivo de avanço. Esse desempenho reflete um setor preparado para diversificar ofertas e integrar canais, aproveitando cada ponto de contato com o consumidor.
Grandes marketplaces, como o Mercado Livre, exercem papel fundamental nesse movimento. Em 2025, a empresa registrou receita líquida de US$ 5,9 bilhões e um crescimento de 37% no ano a ano, além de lucro operacional de US$ 763 milhões, alta de 45%. Esses números ilustram o poder das plataformas integradas e sua capacidade de unir comércio e serviços financeiros com eficiência.
No Brasil, a força desses players impulsiona a concorrência, estimulando investimentos em logística, em segurança de dados e em soluções de pagamento. A experiência do cliente se traduz em maior frequência de compra e em taxas de fidelização aprimoradas.
Omnicanalidade significa integração perfeita entre canais físico e digital. Consumidores esperam que a jornada de compra seja fluida: iniciada em um aplicativo, continuada em loja física e concluída com retirada em drive-thru ou entrega domiciliar.
Segundo estudo recente da McKinsey, 80% dos compradores escolhem produtos no ambiente online e os clientes omnicanal compram em média 70% mais do que aqueles que utilizam apenas um canal. Essas métricas evidenciam o impacto direto da estratégia na receita e na satisfação do consumidor.
O e-commerce já representa 19,6% do faturamento global do varejo, com expectativa de chegar a 21% em 2025. As vendas por dispositivos móveis somam 57% das transações globais e podem alcançar 63% até 2028.
Enquanto isso, o Brasil segue acima da média, apresentando alta de 5,2% no varejo em 2024. A expectativa da CNC para 2025 é de um crescimento moderado, entre 1,7% e 2%, mas dentro de uma trajetória positiva.
A transformação digital do varejo omnichannel é sustentada por uma série de inovações tecnológicas:
Além dessas, projetos envolvendo Web 3.0 e metaverso já começam a surgir como diferenciais de experiência, atraindo públicos mais jovens e entusiastas de tecnologia.
O consumidor contemporâneo valoriza conveniência máxima em cada etapa do processo de compra. Pesquisa de mercado aponta que mais de 90% utilizam a internet para pesquisa prévia e 85% preferem aplicativos móveis a navegadores.
Esse novo perfil força varejistas a repensar políticas de coleta de informações, respeitando regulamentações e fortalecendo a confiança dos clientes.
Empresas que combinam canais físicos e digitais de forma eficiente colhem resultados expressivos. Um caso emblemático é o de grandes redes de vestuário que oferecem provador virtual em loja, sincronizado com o estoque online, permitindo que clientes experimentem looks por meio de realidade aumentada antes de comprar.
Outro exemplo de sucesso são as iniciativas de click & collect. Supermercados que integram apps, websites e lojas físicas possibilitam ao cliente escolher produtos digitalmente e retirá-los em drive-thru em menos de 30 minutos, reduzindo filas e aumentando a satisfação.
Apesar dos avanços, ainda existem obstáculos a vencer. A alta taxa de abandono de carrinho, acima de 70%, sinaliza atritos na jornada do cliente que devem ser minimizados.
Outras prioridades incluem:
O futuro aponta para a consolidação de práticas sustentáveis, maior personalização baseada em IA e a expansão de canais emergentes como o social commerce. Varejistas que investirem de forma estratégica em omnicanalidade estarão mais bem posicionados para garantir crescimento sustentável nos próximos anos.
Em suma, a omnicanalidade não é apenas uma tendência, mas um imperativo para o varejo que deseja prosperar em um mercado cada vez mais competitivo. Ao integrar tecnologias, reimaginar processos e colocar o cliente no centro das decisões, o setor fortalece sua capacidade de inovar e crescer, independentemente dos desafios econômicos.
Referências