As eleições exercem influência direta nas decisões econômicas de governos e investidores, moldando expectativas e definindo rumos para o futuro do país. Neste artigo, analisamos como diferentes ciclos eleitorais, estratégias governamentais e cenários internacionais convergem para alterar as perspectivas de crescimento, inflação e confiança, especialmente no contexto brasileiro de 2024 a 2026.
O desempenho da economia é um dos fatores-chave que determinam o resultado das eleições. Em geral, ciclos eleitorais influenciam expectativas econômicas de eleitores e do mercado financeiro, impactando taxas de juros, decisões de investimento e nível de consumo.
Presidentes em exercício contam com a mobilização de recursos públicos, podendo anunciar pacotes de estímulo e auxílios a setores estratégicos. Essa capacidade é frequentemente empregada para tentar reverter tendência de queda de popularidade e acalmar mercados inseguros.
Os dados mais recentes revelam uma desaceleração do ritmo de crescimento: o PIB deve avançar cerca de 2,2% em 2025 e 2,3% em 2026, de acordo com o Banco Mundial, abaixo do ideal para reduzir desigualdades e convergir com economias mais desenvolvidas.
Vários fatores explicam essa tendência:
Em resposta, o governo ampliou incentivos fiscais e parafiscais, expandiu o emprego público e lançou programas sociais e incentivos fiscais expansivos. Destacam-se ainda:
A influência dos pleitos americanos sobre a economia brasileira é notória. Um cenário com Donald Trump implica tarifas universais de 10% sobre importações, sobretaxas sobre produtos chineses e risco de guerras comerciais. Isso tende a pressionar nossas exportações, a valorização do real e a inflação interna.
Por outro lado, uma vitória de Kamala Harris provavelmente manteria a abertura comercial incentivada por Biden, beneficiando o agronegócio e a indústria nacional. Esse contexto externo é intensamente explorado no discurso de ambos os espectros políticos brasileiros.
As projeções do mercado e de organismos internacionais indicam um crescimento modesto, insuficiente para promover grandes avanços na redução da pobreza e desigualdade estrutural. O ritmo de crescimento global de cerca de 2,7% aponta para uma conjuntura ainda limitada, enquanto os emergentes devem crescer em torno de 4% ao ano.
Desafios estruturais requerem reformas que vão além de medidas temporárias, como ajustes fiscais, modernização tributária e investimentos em tecnologia e educação. Sem mudanças de largo prazo, as medidas eleitoreiras podem deteriorar ainda mais a confiança de longo prazo.
A popularidade presidencial está diretamente atrelada à percepção sobre o desempenho econômico. A queda de aprovação do governo Lula, por exemplo, tem sido atribuída à estagnação da renda e ao aumento dos preços. A oposição aproveita esses indicadores para criticar a gestão e reforçar narrativas de ineficiência.
Para reverter esse quadro antes das eleições, o governo tem adotado aumento do gasto público como tentativa de gerar efeitos de curto prazo no consumo e no emprego. No entanto, essa estratégia enfrenta críticas por elevar o risco fiscal e pode gerar efeitos adversos no futuro.
Apesar dos desafios, há pontos de resiliência. A safra agrícola recorde, o nível de emprego relativamente estável e o aumento da renda mediana têm funcionado como amortecedores para uma queda mais brusca da economia. Ainda assim, as decisões tomadas no ano eleitoral são um prato cheio para debates sobre sustentabilidade fiscal.
O maior risco é que medidas populistas de curto prazo alimentem a desconfiança de investidores e elevem os prêmios de risco. Por outro lado, decisões estruturais, como avanços em infraestrutura e parcerias público-privadas, podem criar bases sólidas para o país crescer de forma consistente.
Em síntese, as eleições representam um momento decisivo não apenas para o cenário político, mas também para o econômico. As escolhas dos governantes, as expectativas dos eleitores e os contextos externos se entrelaçam, formando um mosaico complexo que definirá o rumo do Brasil nos próximos anos. Preparar-se para esse período exige análise criteriosa, visão de longo prazo e equilíbrio entre estímulos imediatos e reformas estruturais.
Referências