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O avanço da digitalização no setor financeiro

O avanço da digitalização no setor financeiro

21/06/2025 - 04:22
Fabio Henrique
O avanço da digitalização no setor financeiro

Nas últimas décadas, o setor financeiro viveu uma verdadeira revolução impulsionada pela tecnologia. O Brasil, reconhecido como um dos países líderes em adoção de serviços bancários digitais, coloca-se na vanguarda dessa transformação global. Entre inovações disruptivas e mudanças de comportamento, a digitalização molda o presente e redesenha o futuro das finanças.

1. Panorama Geral e Trajetória Histórica

A década que se encerrou em 2023 representa uma transformação profunda ao longo da última década. Enquanto em 2014 apenas 54% das operações bancárias eram digitais, em 2023 esse número saltou para mais de 80%. A mudança não se restringe aos grandes centros: o acesso ampliado das classes C e D e projetos de inclusão digital tornaram o banco no bolso de milhões de brasileiros.

Hoje, mais de 70% da população utiliza serviços bancários digitais como canal principal. Essa transição se deu pela combinação de fatores: oferta de produtos inovadores, investimentos em infraestrutura, regulamentação favorável e mudança de cultura. O impacto social e econômico é evidente, com redução de custos operacionais para instituições e facilitação do controle financeiro pelo usuário.

2. Principais Tecnologias e Inovações

O ecossistema financeiro brasileiro desenvolveu, nos últimos anos, tecnologias que se tornaram referência global. Dentre elas:

A adoção dessas tecnologias promoveu a evolução dos serviços, permitindo processamento de transações em tempo real e experiências cada vez mais intuitivas.

3. Mercado, Investimentos e Convergência

O volume de investimentos em tecnologia no setor bancário se mantém em trajetória ascendente. Grandes bancos tradicionais, como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, aceleraram sua estratégia digital para competir com fintechs nativas. Hoje, o canal móvel é o preferido pela maioria dos usuários, consolidando-se como plataforma essencial no cenário pós-pandemia.

Além disso, a convergência entre instituições tradicionais e startups gerou parcerias que alavancam inovação e ampliam o acesso. Fundos de investimentos especializados em fintechs captaram recursos recordes, reforçando a importância de manter o ritmo de evolução tecnológica e a cultura de experimentação.

4. Mudança Comportamental do Consumidor

O consumidor brasileiro de 2025 apresenta perfil mais exigente, cauteloso e estratégico. Ele busca segurança, privacidade e uso inteligente dos dados, priorizando produtos que ofereçam controle e personalização.

  • Preferência por apps de bancos e carteiras digitais como ponto de contato principal.
  • Redução de gastos supérfluos por meio de ferramentas de planejamento financeiro.
  • Busca por serviços que integrem investimentos, pagamentos e crédito em uma única interface.

Essa evolução gera um ciclo virtuoso: quanto mais recursos e informações disponibilizadas, maior a confiança e o engajamento do usuário.

5. Regulamentação e Segurança

O avanço acelerado da digitalização exigiu um arcabouço regulatório robusto. A IN RFB nº 2.219/2024 reforçou segurança, rastreabilidade e transparência nas operações, alinhando-se às diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). A regulação do Open Finance enfatiza a proteção e portabilidade dos dados, garantindo interoperabilidade e direitos ao consumidor.

Essas medidas reforçam a confiança no sistema, ponto crucial para a adesão dos mais cautelosos e para a expansão da inclusão financeira.

6. Impactos Sociais e Econômicos

A digitalização promoveu a inclusão financeira a milhões de brasileiros antes sem acesso a agências físicas. Isso reduziu desigualdades e ampliou oportunidades de crédito e microinvestimentos.

Para as instituições, houve diminuição significativa de custos operacionais e aceleração de processos internos. O setor de crédito se beneficiou do mapeamento de perfis em ecossistemas de dados, possibilitando ofertas mais assertivas.

Em paralelo, surgem novas carreiras e competências digitais, exigindo uma reforma educacional e qualificação constante dos profissionais.

7. Tendências Futuras

O roteiro dos próximos anos indica:

  • Ampliação dos casos de uso do DREX, com integração a finanças descentralizadas.
  • Aprimoramento contínuo em IA para personalização e detecção de fraudes.
  • Formação de super apps financeiros, unificando serviços bancários, seguros e investimentos em uma só plataforma.
  • Maior foco em ESG, usando dados digitais para incentivar práticas sustentáveis.

Essas diretrizes apontam para um ecossistema cada vez mais conectado, transparente e orientado ao usuário.

8. Perspectiva Global e Aprendizado Europeu

O Brasil acompanha de perto as legislações europeias, que priorizam governança, confiança e compartilhamento de dados. A cooperação internacional estimula intercâmbio de boas práticas, fortalecendo a competitividade do mercado nacional.

Assim, o panorama global reforça a necessidade de padrões abertos e de um diálogo constante entre reguladores, instituições e sociedade civil.

Conclusão

O avanço da digitalização no setor financeiro brasileiro é um exemplo de como tecnologia, regulação e comportamento podem convergir para gerar valor social e econômico. O desafio agora é manter o ritmo de inovação, reforçar a segurança e ampliar a inclusão, garantindo que cada brasileiro tenha acesso a serviços financeiros de qualidade e adaptados às suas necessidades.

Em resumo, a jornada digital está apenas começando. O nosso papel, enquanto consumidores, profissionais ou reguladores, é participar ativamente desta transformação, colaborando para um sistema financeiro mais justo, ágil e sustentável.

Fabio Henrique

Sobre o Autor: Fabio Henrique

Fabio Henrique