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Fundos atrelados à inflação protegem contra perda do poder de compra

Fundos atrelados à inflação protegem contra perda do poder de compra

16/06/2025 - 00:04
Marcos Vinicius
Fundos atrelados à inflação protegem contra perda do poder de compra

Em um cenário econômico marcado por fortes oscilações nos preços e pelas flutuações frequentes na taxa Selic, investidores buscam formas de resguardar seu capital. Os fundos atrelados à inflação surgem como uma alternativa robusta para manter o valor real dos investimentos, oferecendo um mecanismo de correção pautado em índices oficiais.

Com riscos fiscais e políticos persistentes, economistas alertam para a necessidade de estratégias que ampliem a resiliência financeira em meio a pressões inflacionárias. Nesse sentido, os fundos atrelados à inflação despontam como alternativa para combater a erosão do valor dos ativos, proporcionando disciplina e proteção automática contra o aumento geral dos preços.

O desafio de preservar o poder de compra

A inflação elevada no Brasil corrói o patrimônio de quem não se protege a tempo. Ao longo dos anos, o aumento geral dos preços reduz o alcance dos recursos, comprometendo sonhos e objetivos de longo prazo. Em especial para pequenos investidores e famílias que contam com renda fixa para projetos futuros, manter o valor real do patrimônio passa a ser prioridade.

Nesse contexto, muitos ainda direcionam parte significativa dos investimentos para produtos referenciados ao CDI. Contudo, superar a inflação de forma consistente deve ser o verdadeiro foco para quem planeja conquistas duradouras.

Para se ter uma ideia, um ganho de 10% ao ano que não cobre a inflação oficial de 6% representa rentabilidade real de apenas 4%, valor insuficiente para manter o poder de compra em horizontes mais longos.

O que são fundos atrelados à inflação

Esses fundos são classificados como fundos de renda fixa e têm como objetivo replicar ou superar a variação de índices oficiais de inflação, especialmente o IPCA. Eles investem em títulos públicos federais, como o Tesouro IPCA+, e em papéis privados que combinam juros fixos com reajuste inflacionário.

Os cotistas adquirem cotas, geralmente com aporte inicial acessível — muitas vezes abaixo de R$ 100. Essa característica torna a categoria acessível para pequenos investidores, permitindo que diferentes perfis participem sem grandes restrições de capital.

Como funcionam na prática

Os títulos que compõem a carteira desses fundos são periodicamente atualizados pela inflação, garantindo que o valor investido acompanhe a alta dos preços. Além disso, os juros fixos adicionais podem proporcionar rentabilidade real consistentemente positiva, ou seja, ganhos acima da inflação.

Na prática, o cotista recebe sua parte proporcional ao rendimento total do fundo, já descontadas as taxas. As principais cobranças incluem a taxa de administração, que remunera o gestor e cobre custos operacionais, e, em alguns casos, a taxa de performance, aplicada quando o fundo supera metas predeterminadas.

Quanto à tributação, os fundos de inflação seguem a tabela regressiva do imposto de renda para fundos de longo prazo, variando conforme o prazo de permanência:

O IOF incide apenas em resgates inferiores a 30 dias, com percentual decrescente de 96% a 0%.

Vantagens e benefícios

Investir em fundos atrelados à inflação oferece diversos pontos positivos, incluindo:

  • Proteção efetiva contra perda do poder de compra pela correção inflacionária;
  • Possibilidade de ganhos reais ao combinar juros fixos com inflação;
  • Exposição a ativos diversificados, públicos e privados, por meio de um único produto;
  • Facilidade de acesso e liquidez diária, em geral, para resgates.

Esse conjunto de características atrai desde investidores conservadores, que priorizam a segurança, até perfis mais moderados que apontam para objetivos de longo prazo.

Riscos e limitações

Apesar das vantagens, é fundamental considerar os riscos associados:

  • Oscilações de marcação a mercado podem gerar variações negativas em momentos de alta rápida dos juros;
  • Dependência do cenário macroeconômico e das decisões de política monetária;
  • Custos de administração e performance que podem impactar o retorno líquido.

Uma avaliação criteriosa do prospecto e do histórico do fundo ajuda a mitigar surpresas indesejadas e escolher gestores com habilidades comprovadas.

Composição típica da carteira

Os fundos atrelados à inflação podem investir em diferentes instrumentos, como:

  • Tesouro IPCA+;
  • Debêntures incentivadas;
  • Letras Financeiras (LF) e Letras de Crédito Imobiliário/Agrícola (LCI/LCA);
  • Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs).

Essa diversificação interna contribui para reduzir riscos específicos de cada emissor.

Recomendações de alocação e perfil de investidor

Embora sejam uma ferramenta eficiente na proteção do poder de compra, diversificação ainda é fundamental. É aconselhável destinar apenas parte do portfólio a fundos de inflação, balanceando com outras classes de ativos como ações, renda fixa pós-fixada e multimercados.

Por exemplo, um investidor moderado pode destinar 20% da carteira a fundos de inflação, equilibrando com 40% em renda fixa pós-fixada e 40% em ações ou multimercados, visando equilíbrio entre segurança e potencial de valorização.

Panorama recente e expectativas para 2025

Nos últimos meses, a inflação tem se mantido sob pressão devido a fatores globais e internos. Com a continuidade de políticas fiscais cautelosas e a acomodação gradativa da política monetária, espera-se estabilização do IPCA em patamares próximos ao centro da meta.

Além disso, a conjuntura global, com cadeias de oferta pressionadas e ajustes em políticas monetárias de grandes economias, reforça a relevância de estratégias que considerem ativos indexados à inflação.

Conclusão

Incluir fundos atrelados à inflação na estratégia financeira é uma decisão sensata para quem deseja preservar ou ampliar seu patrimônio no longo prazo. Ao oferecer exposição protegida contra alta de preços e potencial de ganhos reais, esses fundos se consolidam como peça-chave na construção de portfólios mais robustos e resilientes.

Para aproveitar seus benefícios, estude o perfil do gestor, avalie taxas e verifique a composição da carteira. Com isso, você estará preparado para enfrentar ciclos econômicos variados sem abrir mão da segurança e do crescimento do seu capital.

Marcos Vinicius

Sobre o Autor: Marcos Vinicius

Marcos Vinicius