Em um cenário empresarial cada vez mais competitivo, as empresas familiares se consolidam como protagonistas da economia brasileira. De acordo com dados recentes do IBGE, cerca de 90% das organizações no país possuem perfil familiar, abrangendo desde pequenos negócios locais até gigantes como Votorantim e Itaú. Essa representatividade demonstra o peso que essas companhias exercem no mercado nacional, gerando milhões de empregos e impulsionando a inovação. No entanto, para atravessar gerações com solidez, é fundamental aprimorar estruturas de gestão sem perder a essência familiar.
As empresas familiares representam a espinha dorsal da economia brasileira, respondendo por grande parte do PIB e do emprego formal. Segundo pesquisa global da PwC, 79% dessas organizações cresceram nos últimos meses, superando em 14 pontos percentuais a média global. Esse desempenho reforça a resiliência e a capacidade de adaptação das estruturas familiares, que muitas vezes combinam tradição e inovação de forma orgânica.
O impacto social dessas empresas também é significativo. Muitas delas atuam em regiões interioranas, promovendo desenvolvimento local e preservando laços comunitários. Ao mesmo tempo, grandes grupos familiares já atuam em mercados internacionais, mostrando que, com visão estratégica, é possível aliar raízes culturais à expansão global.
Com a crescente profissionalização do mercado, fornecedores, parceiros e instituições financeiras elevam seus requisitos de governança para minimizar riscos. A pressão para separar os interesses da família das decisões corporativas é cada vez maior, forçando os empreendedores familiares a rever processos e adotar estruturas formais de controle.
Embora o avanço nas grandes e médias empresas familiares seja mais acelerado, pequenos empreendimentos ainda enfrentam obstáculos técnicos e culturais. A ausência de relatórios financeiros claros, a informalidade nas deliberações e a falta de planejamento sucessório comprometem a visibilidade e a atratividade dessas companhias.
Especialistas destacam que a evolução da governança em empresas familiares é essencial para atração de investidores nacionais e internacionais. Estruturas bem-definidas transmitem confiança e reduz empecilhos no processo de avaliação de riscos, facilitando aportes de capital em todas as fases de maturidade empresarial.
Além de fundos de private equity e venture capital, investidores estrangeiros demonstram interesse crescente no mercado brasileiro quando encontram práticas de compliance eficientes e transparência nas demonstrações contábeis. Nesse contexto, a adoção de conselhos de administração e comitês de auditoria se mostra determinante para melhorar o desempenho e o acesso a linhas de financiamento mais atrativas.
Para consolidar uma governança robusta, as empresas familiares devem incorporar princípios fundamentais que guiem a tomada de decisão e assegurem a perenidade do negócio.
Essas práticas fortalecem a cultura organizacional e promovem uma visão de longo prazo, essencial para atrair diferentes perfis de investidores. A implementação de políticas claras de tomada de decisão e a adoção de indicadores de desempenho são passos que consolidam a confiança entre todas as partes interessadas.
A jornada para profissionalizar a gestão familiar envolve profundas transformações culturais e emocionais. Fundadores acostumados ao controle absoluto muitas vezes resistem à formalização de processos, temendo perder influência ou alterar o legado construído ao longo dos anos.
Apesar dos entraves, a experiência demonstra que empresas dispostas a investir em capacitação e em consultorias especializadas conseguem obter ganhos significativos em governança, criando bases sólidas para futuras rodadas de investimento.
No Brasil, o segmento Novo Mercado da B3 destaca empresas com o “mais alto nível” de governança corporativa. Familiares listadas nesse segmento usufruem de maior liquidez, maior visibilidade junto a investidores de varejo e acesso facilitado a operações de IPO e follow-ons.
Para alcançar esse patamar, é necessário promover ampla reestruturação societária, assegurar organização patrimonial e controle de litígios, além de adequar contratos de cotistas e políticas de divulgação de informações. Esse percurso, embora complexo, consolida a reputação e amplia as fontes de capital.
A busca por capital não está restrita ao crescimento físico de ativos; ela envolve também a aquisição de tecnologias inovadoras, a adoção de práticas sustentáveis e o fortalecimento da marca. Com governança estruturada, os empreendedores familiares conseguem equilibrar tradição e inovação.
As projeções indicam que cerca de 10% das empresas familiares planejam um crescimento rápido e agressivo nos próximos cinco anos. Mais da metade dos gestores almeja deixar um legado sólido, sustentado por práticas de governança robustas e por uma cultura organizacional resiliente.
No ambiente brasileiro, a governança corporativa deixou de ser mera recomendação e tornou-se obrigação para sobrevivência e expansão das empresas familiares. A crescente exigência de investidores e o protagonismo da B3 na elevação de padrões criam um círculo virtuoso que beneficia tanto as organizações quanto a economia nacional.
O futuro reserva avanços contínuos em práticas de transparência, fortalecimento de conselhos e adesão a políticas de sustentabilidade. Com isso, as empresas familiares estarão mais bem preparadas para enfrentar crises, captar recursos e perpetuar seu legado por muitas gerações.
Referências