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Cenário eleitoral eleva a volatilidade nos ativos brasileiros

Cenário eleitoral eleva a volatilidade nos ativos brasileiros

29/10/2025 - 11:26
Marcos Vinicius
Cenário eleitoral eleva a volatilidade nos ativos brasileiros

O processo eleitoral de 2026 no Brasil está reconfigurando as expectativas dos investidores e ampliando as oscilações nos principais ativos financeiros. À medida que candidatos se consolidam e pesquisas são atualizadas, riscos políticos se traduzem em volatilidade persistente nos mercados.

Panorama eleitoral para 2026

As últimas sondagens demonstram uma liderança confortável de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em cenários estimulados, com percentuais entre 35% e 43% das intenções de voto. Em simulações de segundo turno, Lula vence todos os adversários, embora com margem mais estreita contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente inelegível.

O ex-governador Tarcísio de Freitas consolida-se como principal nome da direita, recebendo de 15% a 24% das intenções, especialmente em São Paulo, onde mantém empate técnico com o petista. Já o pré-candidato André Janones (Avante) capta parcela significativa do eleitorado jovem.

Em cenário espontâneo, Bolsonaro lidera com 16,9%, seguido por Lula (13,5%), mas um expressivo 59,3% dos eleitores ainda não definiu sua preferência. Essa fragilidade na definição de votos reforça o potencial de reviravoltas até a escolha oficial.

Impactos na volatilidade dos ativos

A combinação entre incerteza política e conjuntura econômica externa intensifica oscilação em diversos indicadores. O Ibovespa, por exemplo, registrou quedas acentuadas nos últimos meses de 2024, resultado de:

  • Aumento da taxa Selic e receios inflacionários;
  • Fuga de capital diante do aumento do risco Brasil (CDS);
  • Persistência de incertezas fiscais domésticas.

Em paralelo, a volatilidade cambial ganhou contornos mais agudos. Projeções para 2025 apontam que choques externos — tais como tensões geopolíticas e guerras comerciais — podem ser o calcanhar de Aquiles do real, com movimentos abruptos frente ao dólar.

O risco país, medido pelos Credit Default Swaps (CDS), opera em níveis elevados, refletindo dúvidas sobre o compromisso fiscal do futuro governo e a capacidade de avançar reformas estruturais.

Fatores que agravam a incerteza

Diversos elementos contribuem para o cenário de instabilidade:

  • Dúvidas sobre aprovação de reformas econômicas;
  • Possível surgimento de candidaturas alternativas de última hora;
  • Cenário de polarização e fragmentação do eleitorado reduz previsibilidade;
  • Choques cambiais e vazamentos de indicadores fiscais negativos.

Adicionalmente, fatores externos, como a coordenação imperfeita de políticas monetárias entre grandes economias e o aumento do endividamento global, elevam a propensão a choques sistêmicos que reverberam na economia brasileira.

Estratégias de proteção e perspectivas

Diante desse ambiente, gestores e investidores buscam alternativas para mitigar riscos e preservar capital. As principais táticas adotadas incluem:

  • Diversificação de portfólio entre renda variável e renda fixa;
  • Uso de derivativos para hedge cambial e de taxa de juros;
  • Alocação de parte dos recursos em ativos internacionais.

Essas abordagens permitem enfrentar momento de alta volatilidade eleitoral sem expor o portfólio a oscilações extremas. Investidores internacionais, em especial, reduzirem posições em ativos brasileiros ou buscam proteção via opções e contratos futuros.

Para ilustrar as diferenças de volatilidade, confira a tabela comparativa entre 2024 e projeções para 2025:

Conclusão e recomendações

O ambiente eleitoral de 2026 é marcado por elevada incerteza e probabilidade de oscilações acentuadas nos mercados. A fragmentação do eleitorado, aliada às dúvidas fiscais, amplia riscos que demandam prudência.

Investidores devem manter vigilância constante sobre novas pesquisas, movimentos cambiais e indicadores de risco país. É fundamental combinar monitoramento de cenários e planejamento estratégico para ajustar alocações conforme o desenrolar do processo eleitoral.

Em suma, adotando práticas de hedge e diversificação, é possível enfrentar o período com maior resiliência, transformando incertezas políticas em oportunidades de médio e longo prazos.

Marcos Vinicius

Sobre o Autor: Marcos Vinicius

Marcos Vinicius