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Bancos ajustam estratégias diante do open finance

Bancos ajustam estratégias diante do open finance

29/05/2025 - 06:56
Bruno Anderson
Bancos ajustam estratégias diante do open finance

Com a consolidação do Open Finance, o setor bancário brasileiro entra em uma nova era de inovação, colaboração e competitividade. As instituições precisam reavaliar processos, tecnologias e modelos de negócio para se alinhar às exigências regulatórias e às expectativas dos clientes.

Este artigo explora as principais mudanças regulatórias, os impactos estratégicos e as tendências que moldarão o futuro dos bancos e fintechs a partir de 2025.

Contexto regulatório e mudanças recentes

Em julho de 2024, o Banco Central do Brasil e o Conselho Monetário Nacional publicaram as resoluções que definirão o Open Finance a partir de 2025. Essas normas têm como objetivo ampliar e flexibilizar a participação no ecossistema, tornando-o mais inclusivo e eficiente.

Entre as principais determinações, destacam-se:

  • Participação obrigatória para instituições de grande porte, como conglomerados com mais de 5 milhões de clientes ativos.
  • Inclusão de segmentos S1 e S2 e instituições vinculadas a conglomerados com adesão voluntária.
  • Vigência das novas regras em duas fases, a partir de 1º de janeiro e 1º de julho de 2025.

Além disso, estão em vigor resoluções e instruções normativas específicas:

  • Resolução Conjunta nº 10/2024;
  • Resoluções BCB nº 398/2024, 399/2024 e 400/2024;
  • Instruções Normativas BCB nº 485/2024 e 486/2024.

Novas funcionalidades e expansão dos serviços

O Open Finance amplia o escopo de compartilhamento de dados e iniciação de serviços. Entre as inovações mais relevantes, destacam-se:

  • Pix por aproximação e iniciação de pagamento, sem redirecionamentos, oferecendo agilidade e comodidade.
  • Portabilidade de crédito programada para o final de 2025, com possibilidade de expansão para salário e investimentos.
  • Estudos para integrar o mercado de cartões ao modelo de indústria, eliminando necessidade de digitar número do cartão ou CVV em sites comerciais.

Essas funcionalidades visam aprimorar a experiência do cliente e fomentar a competitividade entre bancos, fintechs e iniciadores de pagamento.

Estrutura de governança e segurança de dados

Para garantir a solidez e a transparência do ecossistema, a Resolução BCB nº 400/2024 estabelece uma governança definitiva, operando a partir de 2 de janeiro de 2025. Essa estrutura:

Profissionaliza a gestão, define papéis e responsabilidades, e promove auditorias independentes para assegurar conformidade.

Além disso, as instituições devem implementar:

  • Monitoramento contínuo de tráfego de dados, com limites técnicos e alertas automáticos;
  • Notificação periódica ao Banco Central sobre tipos e volumes de requisições;
  • Mecanismos avançados de criptografia e autenticação para proteção das informações sensíveis.

Essas medidas garantem que o compartilhamento de dados seja feito com segurança e confiabilidade.

Métricas de desempenho operacional

Para monitorar a estabilidade e a qualidade dos serviços, as Instruções Normativas do BCB definiram limites e metas que devem ser atendidos pelas instituições. Veja abaixo um resumo dessas métricas:

O cumprimento desses indicadores é fundamental para evitar sanções e preservar a confiança dos usuários.

Impactos estratégicos para bancos e fintechs

A expansão do Open Finance impõe novos desafios e oportunidades. Os principais temas a serem abordados pelas instituições são:

Interoperabilidade e segurança de dados para garantir a integração entre sistemas legados e novas plataformas, reduzindo riscos de falhas.

Adaptação dos modelos de negócios, com foco em ofertas personalizadas baseadas em dados e serviços que adicionem valor ao cliente. Confira alguns pontos de atenção:

  • Implementação de APIs com alta performance e baixa latência;
  • Desenvolvimento de soluções de analytics para compreender o perfil do usuário;
  • Formação de parcerias estratégicas com fintechs e iniciadores de pagamento.

Essas iniciativas podem resultar em aumento de receita, redução de custos operacionais e fidelização de clientes.

Tendências futuras e roadmap para 2025-2026

O plano de evolução do Open Finance prevê fases adicionais de expansão e refinamento, incluindo:

  • Integração completa do mercado de cartões, bandeiras e credenciadores;
  • Compartilhamento de dados de seguros, previdência e investimentos;
  • Ampliação das portabilidades, contemplando salários e aplicações financeiras.

O roadmap também enfatiza a prioridade em qualidade e governança, com ciclos de revisão regulatória a cada semestre.

Para 2026, espera-se que o Open Finance já abranja a maioria dos produtos financeiros, promovendo um ecossistema robusto e competitivo em nível global.

Conclusão

O Open Finance transforma o panorama financeiro, exigindo que bancos e fintechs alinhem tecnologia, governança e estratégia. Com as novas regulamentações, instituições de todos os tamanhos devem:

  • Revisar processos internos e atualizar sistemas legados;
  • Investir em segurança e na experiência do cliente;
  • Adotar práticas de governança transparentes e eficientes.

Ao abraçar essas mudanças, o setor estará preparado para oferecer soluções inovadoras, personalizadas e seguras, solidificando o Brasil como referência global em Open Finance.

Bruno Anderson

Sobre o Autor: Bruno Anderson

Bruno Anderson